Obviamente, neste
cenário cheio de inovações, não havia nenhum regulamento ou disposição prevendo
como se dariam as relações entre os donos de fábricas e seus empregados. Assim,
as condições de trabalho desses primeiros empregados eram as mais desumanas possíveis,
com um dia de trabalho de dezesseis horas ou mais, emprego de menores de idade,
até mesmo crianças em ambientes insalubres, fechados e de risco de mutilações e
doenças. Isto se dava não por falta ou pelo excesso de humanidade de qualquer
um dos patrões, o que acontecia é que esta realidade de trabalho dava o máximo
de retorno financeiro ao dono do empreendimento. Muitas vezes, os trabalhos nas
fábricas não paravam, havendo turnos diurnos e noturnos, numa rotina de
trabalho de 24 horas, que supria não só a Europa como boa parte do mundo com os
novos produtos industrializados. Claro, este sistema não trazia vantagem
nenhuma ao trabalhador, mesmo que fosse mais vantajoso de que aguardar por
trabalho no campo. Esse sistema todo descrito deu origem ao termo capitalismo
selvagem, onde a exploração ferrenha do rico empresário oprimia os pequenos
trabalhadores, assim como na selva, os animais grandes impõem sua vontade aos
pequenos.
Hoje, a locução
“capitalismo selvagem” é utilizada para indicar um sistema capitalista de
dimensões globais, onde ocorre concorrência ferrenha entre as multinacionais
dominadoras de vários mercados ou até mesmo países, com o apoio de seus
governos lenientes e corruptos, fruto da ausência de sustentabilidade do modelo
capitalista dos dias de hoje. Exemplo perfeito deste conceito é o domínio que a
Firestone, empresa do ramo da borracha industrial exerceu desde 1926 até bem
recentemente dentro do território da Libéria, país africano, onde a mesma
praticamente controlava o país.
Este segundo
significado também é ligado a vários outros conceitos onde o ganho financeiro
suplanta o desenvolvimento humano e do planeta como um todo. Assim, o conceito
de capitalismo selvagem estará ligado a vários outros temas, como por exemplo a
política dos países ricos, que exploram as riquezas da terra sem consideração a
qualquer noção preservacionista ou auto-sustentável, ou a banalização da morte
a favor do capital, ou da guerra pelo petróleo, pela venda de armas, pela
manutenção de um estilo de vida luxuriante nos países desenvolvidos, a venda de
alimentos industrializados com produtos cancerígenos, a utilização dos
pesticidas, o superaquecimento do planeta, desmatamento, a morte pela fome e
AIDS, a impunidade dos criminosos detentores de poder econômico ou político, e
até mesmo a infância desvalida que acaba atraída para o tráfico de drogas e a
criminalidade.
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